27 de abril de 2012

Se gostaste do filme vais adorar o livro



A imagem tem mesmo muita força. Depois de muitos terem resistido à hora tardia da estreia do documentário do Jorge Costa “Donos de Portugal”, muitos milhares já o viram na internet. São 48 minutos e 6 segundos em que se expõem os contos proibidos da burguesia portuguesa e se percebe a teia de interesses que faz de Portugal um país agrilhoado.




O documentário chegou até à Forbes, que perante estes dois gráficos disse num impulso de honestidade: "Percebe-se tudo". A partir daí até o Público já se serviu dos gráficos que circulam pela internet em alta velocidade. Mas como nesses milhares cabe muita gente não tardaram a surgir algumas críticas, com a Fernanda Câncio a queixar-se da sonorização e do Jorge Costa não lhe dar ouvidos (um problema de comunicação sério) e o Ricardo Lima do Insurgente a queixar-se do tom panfletário. Até o poderia ser – há panfletos que mudaram o mundo – mas não precisa. Quem o viu e partilhou logo concordou, “percebe-se tudo”.


Mas os sensíveis e os avessos à denúncia têm sempre uma alternativa, a mesma que se apresenta como complemento a quem gostou do filme: ler o livro

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Recordo aqui um post de Dezembro de 2010 sobre o livro

Os Donos de Portugal: Cem anos de poder económico (1910-2010), escrito por Jorge Costa, Luís Fazenda, Cecília Honório, Francisco Louçã e Fernando Rosas é, além de uma análise lúcida sobre a formação, as estratégias e alguns dos percalços da burguesia portuguesa, um livro necessário.

É daquelas obras que num primeiro folhear rápido nos dá vontade de começar pelo fim, ou seja, pelo último e mais demolidor capítulo, “A recomposição da burguesia (1974-2010)”. O retrato de uma burguesia parasitária e acoitada pelo Estado, alicerçada em incessantes estratagemas e ardis pelo controlo e rentabilização segura do sector financeiro é apresentado de forma bastante clara.

 O verdadeiro pavor pelo investimento produtivo de risco presente nesta elite reflecte-se na busca por um poder político amigo, íntimo e prestativo. PSD e PS encontram no BES, BCP e BPN um aconchego seguro para os seus quadros. E o Cavaquismo, claro, aí aparece como a concentração de forças que derrubou os limites políticos para o ataque conjunto aos monopólios e serviços públicos, movimento continuado por Guterres, Barroso e Sócrates.

 Quem recuar e se concentrar nos primeiros capítulos poderá perceber que esta é uma elite que se forjou desde há muito, e tem nas suas origens um cruzamento (sexual e matrimonial) das principais famílias: os Champalimaud, Mello, Ulrich, Roquete, Espírito Santo, entre outras.

Não resisto a deixar aqui apenas 3 trajectórias, apresentadas no livro, de homens fortes da burguesia portuguesa:

Álvaro Barreto
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1959-1968: Profabril, chefe de projectos
1969-1971: Lisnave (Mello), director administrativo
1971-1974: Setenave, administrador-delegado




1974-1978: Lisnave (nacionalizada), administrador-delegado
1978-1979: Ministro da Industria e Tecnologia do Governo Mota Pinto
1979: TAP, presidente
1980-1981: Ministro da Industria e Energia do Governo AD (pelo PSD)
1981: Ministro da Integração Europeia do Governo AD (pelo PSD)
1982-1983: Soporcel, Presidente CA
1983: Ministro do Comércio e Turismo do Governo do Bloco Central (pelo PSD)
1984-1990: Ministro da Agricultura dos Governos do Bloco Central e do PSD
1990-1997: Deputado
1990-2000: Plêiade CA não-executivo
1990-2002: Sonae, conselho consultivo
1990: Soporcel, presidente
1990: Somincor CA não executivo
1990-2007: Grupo Mello: Nutrinveste e Mellol (na Tabaqueira com Philip Morris) CA não-executivo
1990-2007: Portugália, Presidente AG
1990-2007: Tejo Energia, Presidente não-executivo
1990-2000: Cometna AG Presidente
1991-1997: Câmara de Comêrcio Luso-Britânica, Presidente
2002-2004: Deputado
2004-2005: Ministro de Estado da Economia e do Trabalho do Governo do PSD-CDS
2004-2006: Semapa (Queiroz Pereira) CA
2005-2007: Portucel e Soporcel CA
2007: BPP Privado Holding, conselho consultivo
2010: Integra a Comissão de Honra da candidatura de Cavaco Silva às presidenciais de 2011. [acrescento meu]


Joaquim Ferreira do Amaral
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1978: Director Geral das Indústrias Electromecânicas
1979: Secretário de Estado das Industrias Extractivas e Transformadoras do Governo AD (pelo PSD)
1981: Secretário de Estado da Integração Europeia do Governo AD (pelo PSD)
1982-1983: INDEP armamento (pública), vice-presidente, Instituto do Investimento Estrangeiro, vice-presidente; EDIG European Defense Industrial Group, vice-presidente.
1984-1985: Secretário de Estado do Turismo do Governo do Bloco Central (pelo PSD)
1984-1985: Ministro do Comércio e Turismo do Governo do Bloco Central (pelo PSD)
1985: Assembleia Municipal de Cascais, Presidente
1986: IFADAP, Presidente
1987-1990: Ministro do Comércio e Turismo do Governo PSD
1990-1995: Ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações do Governo PSD
1991-1999: Deputado e membro do Conselho Superior de Defesa Nacional
1997-2001: Câmara Municipal de Lisboa, Vereador
2000: Candidato à Presidência da República
2001: Cimianto CA
2001: Deputado
2002-2005: Galp CA chairman
2005-2010: Lusoponte, Presidente
2006-2010: Semapa CA e comissão de auditoria
2009-2010: Consultor do Dresdner Bank, da Transdev transportes e da Lisboa Vista do Tejo.
2010: Integra a Comissão de Honra da candidatura de Cavaco Silva às presidenciais de 2011. [acrescento meu]


Joaquim Pina Moura
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1972- 1991: Militante do PCP [acrescento meu]
1976-1979: Dirigente da União dos Estudantes Comunistas (UEC) [acrescento meu]
1992: Docente universitário
1995-1997: Secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro do Governo PS
1997-1999: Ministro da Economia do Governo PS
1999-2007: Deputado
2004: CA BCP consultor do CA para a Energia
2004-2007: Galp CA
2004-2010: Iberdrola Portugal presidente
2007-2009: TVI MediaCapital chairman


2 comentários:

  1. é tão parcialzinho...Donos De Portugal translates to “Owners of Portugal” and is the title of a documentary, which is set to debut tomorrow. That is all the information about this project. That and two charts. One chart is a family tree of the seven families in control of the Portuguese economy.

    The other is a massive, messy web of political and economic....ora estes sim que são os donos e são tantos

    os outros são apenas alguns que aproveitaram melhor
    foram mais eficientes

    de resto a herança dos sommer no estado novo
    ou o famoso milionário que fugiu com a secretária para o Brasil nem sequer constam nos precalços dos donos de putocale...

    donos da verdade há muitos mê senhor e dono
    dai-nos a vossa mercê...ou uma esmolinha
    cagente agradece...

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  2. só o Pina Moura do lado do Soaristão arranjo mais uns 100

    do cavaquistão e do sockras quinda aqui estão
    tamém há poucos

    das câmaras que iam processar o correio da manhã e o tal e qual e outros jornais por notícias abusivas do bom nome e cheques da ABB e Cova Da Beiristão e cousas assis nem um dono?

    ê até dava a morada de uma casa na Bahia (que não é detida a 50% por uma sociedade qualqquer)
    tem nome de dono mesmo

    e 6 milhões de reais de custo...ora para fazer uma casa destas quantos euromilhões teve um certo mouro de fazer?

    pois senhores nossos donos passai bem...
    cagente cássarranja

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