22 de abril de 2012

Lições francesas


1. Em tempos de austeridade parece ter-se tornado regra que a força política que está no poder perde. Depois do PS, PSOE, parece ter chegado a vez da UMP de Sarkozy. Só um milagre poderá impedir que não se passe o mesmo com o PASOK na Grécia, e tudo indica que a CDU/CSU de Merkel após escrutínio será despejada do Bundestag.

2. As alianças de sectores de esquerda com a social-democracia europeia continuam a dar derrotas certas. Depois de terem tido 16% nas eleições europeias, os Verdes com Eva Joly ficaram-se por uns míseros 2%. É de relembrar que estes fizeram um pré-acordo com o PSF para as legislativas de Junho, que lhe garantirá entre 30 a 40 deputados, caso Hollande não decida rasgar o acordo após este desaíre eleitoral. Depois dos Verdes alemães de Joska Fischer e da Refundação Comunista de Fausto Bertinotti, fica registado mais um caso para memória e debate.

3. Deixado de lado o sectarismo e a desconfiança, Jean-Luc Melénchon e a Front de Gauche, conseguiram agregar um conjunto de forças de esquerda que de eleição em eleição têm vindo a crescer em força social e eleitoral. A França e a Europa precisavam de um paradigma de massas alternativo à esquerda, que se demarque pelo socialismo do social-liberalismo e das cedências às políticas de austeridade. Sem ilusões perante a praxis política do PSF, propõe-se a consolidar um projeto que os afirme como a maior força de esquerda em França, em alturas de crise e de aparente falta de saídas, é com estas mobilizações e fenómenos que o futuro se arquiteta. Os recuos significativos do NPA e da Lutte Ouvriére deviam obrigar as respetivas direções partidárias a uma reflexão profunda sobre o papel que pretendem desempenhar, sob pena de se diluírem definitivamente.

4. A Extrema-Direita tem marcado passo na Europa, depois dos fenómenos dos Partidos da Liberdade em 2009, do qual Geert Wilders é o expoente, da fascização da Hungria com o Jobbik, do crescimento eleitoral dos Verdadeiros Finlandeses, das sondagens gregas apontarem a entrada dos neo-nazis do Golden Dawn para o Parlamento, os 20% de Marine Le Pen são alarmantes e demonstrativos dos efeitos perversos que a narrativa austeritária e do racismo social provocam. Não olhar consequentemente para este tendência pode alimentar um monstro imparável que a história do século XX desaconselha vivamente.


6 comentários:

  1. Não se pode ser tão simplista.

    A-Os verdes alemães continuam a ter muito bons resultados.

    B- O desaire da Eva Joly não se pode comparar ao desaire da Refundação Comunista, a candidata era uma má escolha , e terá sido essa a principal razão do fracasso.

    C- A filha do Le Pen de forma esperta, tentou dar uma imagem modernaça do FN, como Gianfranco Fini fez em Italia,conseguiu por isso entrar num eleitorado mais jovem e pouco politizado, e essa uma das razões deste resultado.

    Só que esse eleitorado não é mobilizável ideologicamente, e se votou agora na filha do Le Pen , é pouco provável que se sinta motivado a participar activamente no FN.

    Alem de que TODA a comunicação social, levou a menina ao colo.

    E foi essa mesma comunicação social , quase toda, que fez campanha contra o Melenchon, ainda ontem o jornal gratuito Metro, trazia uma grande fotografia do Melenchon , a cumprimentar o Assad da Siria, e durante a campanha foram várias as provocações para o desacreditar, se tivesse tido a apoio de alguns meios de comunicação social, talvez o resultado tivesse sido outro.

    Não podemos esquecer a primeira pagina do Expresso , em plena campanha para as legislativas, com os nomes do deputados do BE com PPRs , numa aposta clara de desacreditar o BE e favorecer o Socrates.

    Neste caso do Melenchon , o objectivo era favorecer o Hollande.

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  2. 1 - Os Verdes após a coligação com o SPD foram o partido que sofreu a maior erosão eleitoral. É normal que 10 anos depois a coisa se recomponha. O desastre de Eva Joly não se justifica pela fraqueza política ou não da candidata, simplesmente não tinha nada a acrescentar, o acordo eleitoral com o PS assim o ditou.
    2 - Não interessa se a Le Pen foi levada ao colo ou não por determinados sectores da imprensa francesa, o facto é que o chauvinismo teve mais de 18% nestas eleições.

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  3. Melenchon conseguiu criar mobilizaçäo para as suas ideias, e agora a semente germinará até às legislativas; os "merdia" estaräo sempre contra ele, mas isso näo desculpa uma votaçäo abaixo dos 15% nessas eleiçöes.

    Os "Verdadeiros Finlandeses" já estäo em queda livre, nas presidenciais o seu líder (que é quem puxa os votos) quedou-se por metade dos votos das legislativas. Na Hungria a contestaçäo aos neofascistas começou há muito. Na Grécia veremos se conseguem entrar no Parlamento.

    Nota: Se traduziram "True Finns", porque é que "Golden Dawn" näo está traduzido? Ou entäo metam XA... ou "Martelos".

    Em França... no país do chauvinismo é natural que um(a) chauvinista tenha grande apoio. Näo creio é que materialize nas legislativas, a näo ser à custa do UMP sarkoziano.

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  4. O Chauvinismo em França tem muito mais que 18%,o eleitorado françês é conservador e chauvinista.

    Quem já viveu em França , sabe ao que me refiro.

    Quanto á Le Pen filha , ela penetrou muito bem num eleitorado jovem ,e em sectores operários em risco de perderem o seu posto de trabalho e desempregados, todos os estudos apontam nesses sentido.

    È um aviso para a esquerda em Portugal.

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  5. -> De década em década uma alegre decadência 'kosovariana'... não obrigado!
    --->>> Não vamos ser uns 'parvinhos-à-Sérvia'........ antes que seja tarde demais, há que mobilizar aquela minoria de europeus que possui disponibilidade emocional para se envolver num projecto de luta pela sobrevivência... e SEPARATISMO!...

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  6. os 20% da Front Nazionale são como os votos do PRD

    só existem enquanto o caos político e a falta de soluções permanecer

    ah pois é capaz de chegar aos 25%

    hitler chegou aos 30 e tal ainda tá longe

    estaline chegou aos 99,9%

    kim jong ill chegou aos 115%

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