20 de abril de 2011

A arte do aldrabanço, por Diogo Leite Campos


Pedro Passos Coelho escolheu reunir à sua volta a pura nata da direita portuguesa, é com ela que se sente verdadeiramente em casa. Paulo Teixeira Pinto para a revisão constitucional, Eduardo Catroga para a economia, Miguel Relvas para secretário geral do PSD e por aí vai a lista da reacção, deixando o seu lastro de mofo e mediocridade.

Mas ter amigos destes tem os seus riscos. Diogo Leite Campos, escolhido a dedo para vice do PSD, é jurista, direitoso e conservador, além de ex-administrador do Banco de Portugal e da CMVM. Preenche o perfil de Passos. Esta semana pudemos ver e ouvir o contributo de Diogo Leite Campos para os problemas do país: controlar os "aldrabões" que "andam a mamar do Estado" com a criação de um cartão de controle dos gastos para quem recebe apoios sociais.

Passos correu a desmentir aquilo que todos nós ouvimos (e podem ouvir novamente no vídeo que o Francisco postou abaixo, a frase "privilegiados que andam a mamar do Estado" repete-se, quase por milagre, a cada repetição do vídeo). Mas já é tarde.

É certo que Diogo Leite Campos tem uma certa coerência. Para quê aldrabar o Estado português quando podemos aldrabar, por exemplo, os cidadãos angolanos?

O vice do PSD dá o exemplo. Basta usar o seu escritório de advogados como sede para uma empresa testa-de-ferro (a Edimo), cuja participação no banco BIG é usada para limpar a imagem do Presidente da Sonangol, Manuel Vicente. E essa é só parte da história que o Público nos contou em Maio de 2010.

O aldrabanço é, de facto, uma arte para poucos.




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