22 de fevereiro de 2011

Aqui está tudo bem!

Garantiram-nos, os iluminados comentadores políticos, os editores de economia das televisões, os tecnocratas economistas e a classe política na sua generalidade que o ponto mais baixo da Crise seria durante o ano de 2009.

Será esta apenas uma verdade para o resto do mundo e uma excepção para Portugal? Sabemos que não. O valor médio do custo de vida aumenta suportado principalmente pelo aumento do preço dos bens de consumo, redução dos salários, congelamento das progressões nas carreiras, cortes nas reformas, subsídios e benefícios.

Advoga o governo (cada vez mais) minoritário que está a ser vítima dos índices internacionais que nos arrastam para baixo. É tão bom que para umas coisas, como na dos juros da dívida pública que os mercados nos coloquem no mesmo saco da Espanha, mas que depois a culpa do estado do país já passe a ser imputado à Grécia, Espanha, Itália e Irlanda.

O "governo dos três" (Sócrates, Silva Pereira e Teixeira dos Santos) parece cada vez mais barricado, entrincheirado e isolado do restante elenco ministerial, continua na sua postura de bombeiro acorrendo a todos os fogos como pode e resistindo apenas no poder por aguardar um milagre ou uma inversão brutal do rumo da economia mundial. Enquanto isso temos de gramar o discurso esquizofrénico de que está tudo bem. Está sempre tudo bem.

O que é certo é que o mundo está doente ...afectado pela maior crise sistémica de que há memória. As mentes brilhantes de Harvard e Yale com os seus orgulhosos prémios Nobel da Economia, conduziram-nos para o abismo. Os brilhantes tecnocratas mundiais que nos fazem crer que a economia é uma ciência e não um instrumento político regido por princípios matemáticos, levou o capitalismo ao suicídio assistido.

Mas que vemos nós? Como estamos a tentar ultrapassar a crise? Findo este sistema, estamos nós a implementar uma nova ordem sistémica mundial? Não... Continuamos a tentar salvar o sistema cadáver com as mesmas medidas e as mesmas políticas e pressupostos teóricos e práticos que levaram à sua morte. É como um bêbedo querer ficar sóbrio bebendo ainda mais vinho...
Mais capitalismo para salvar o capitalismo. O problema é que com estas medidas se asfixiam as populações e os tecidos produtivos, estas sim as únicas capazes de revitalizar a economia pela sua capacidade produtiva e posterior consumo. Retirando poder de compra a estas pessoas a economia estagna e num quadro como o actual acaba mesmo por regredir.

É preciso dar ouvidos à facção de economistas que defende uma acção dirigida das soluções económicas aos problemas actuais com vista ao aumento da produtividade e dinamismo económico das populações. A solução está no apoio ao povo, ao sector produtivo, na igualdade social e principalmente na igualdade e justiça económica. Esta vertente tem sido brutalmente discriminada e abafada pelos media em Portugal. Tem feito escola junto dos editores de economia dos jornais e das televisões a visão neo-liberal tecnocrata da economia de pessoas como o José Gomes Ferreira, cuja predominância na opinião pública esgota qualquer visão da economia antagónica a esta. É algo que teremos de combater e algo a que teremos de estar a tentos, mas certamente voltaremos a este assunto com outra profundidade.

Mercados, mercados financeiros, juros da dívida pública, bolsa, banca, desemprego, mercados e mais mercados ...que nojo esta tentativa global de ressuscitar o sistema que já morreu. Vamos olhar em frente e procurar alternativas, pode ser?

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